domingo, 25 de março de 2018

Reflexão







“É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem saber ver”.                                                               

                                                                                                             
                                                                                                  (Gabriel Garcia Márquez)

quarta-feira, 14 de março de 2018

Por detrás daquela porta

Uma frase de Mark Twain, que não me sai da cabeça desde que conheci, aceita uma breve tradução como “Aparentemente, não existe nada que não possa acontecer hoje”. O escritor americano deposita, assim, em nossas mãos, nosso próprio destino. Já que aparentemente tudo pode acontecer hoje, devo descobrir qual a minha contribuição nas coisas que comigo acontecem. Lembro ainda que a rota de uma vida inteira se relaciona indireta e intimamente às decisões que tomamos no cotidiano. Um dia por uma vida e uma vida por um dia. E neste mapa de incertezas, acertar ou errar pode ser uma questão de ponto de vista, uma questão entre fazer ou não fazer, aceitar ou não aceitar, uma questão bem localizada no dilema de reclamar ou lamentar. O mesmo dilema entre abrir ou não portas.

Observando bem de perto as palavras ‘reclamar’ e ‘lamentar’, uma distinção clara me chega à mente depois de uma reflexão que surgiu como uma faísca de pensamento. ‘Reclamar’ e ‘lamentar’ são duas palavras muito distintas em sua aplicação e uso e que podem definitivamente mudar o cotidiano de muita gente por aí.
 

Reclamamos quando achamos que está errado e queremos mudança. Lamentamos quando não tem mais conserto ou solução. Não tem mais jeito. Para quem reclama, ainda existe um jeito. Para quem lamenta, não mais. ‘Reclamar’ é buscar uma solução. Uma, pelo menos. ‘Lamentar’ acontece quando todas as soluções já se foram e se encontram esgotadas. Ou melhor, nem se encontram mais. ‘Reclamar’ é procurar e não achar. ‘Lamentar’ é nem tentar achar. Lamentações servem como ponto final. Reclamações são vírgulas, à procura de um texto melhor. Reclamamos justamente para não termos que lamentar no futuro. Reclamar com educação é um grande e forte traço de consciência do reclamante. Importante mesmo é aprendermos a reclamar de nós mesmos. Um consumidor consciente reclama. Mas um consumidor consciente é, acima de tudo, um consumidor educado. Educação, consciência e reclamações são conceitos relacionados em cadeia.

Mas até para fazer autocrítica é preciso ter educação, no sentido mais trivial das boas maneiras. Ser rude consigo mesmo não vale. Não vale arrombar portas. Reclamar educadamente traz a boa oportunidade de se perguntar: ‘E agora?’. Nessa possibilidade de transformação, está a possibilidade de melhoria. Reclamamos com nossos filhos na tentativa de educá-los. Não desistimos deles. Senão, restaria apenas lamentar. Feliz daquele que reclama com educação. Feliz daquele que reclama de si próprio para si próprio. Feliz daquele que consegue abrir ou fechar portas conscientemente e provar que é mestre de si. Triste daquele a quem só resta lamentar porque não foi educado. A Educação nos revela que reclamar da inexistência de portas é como lamentar. Os óculos mágicos da educação nos fazem, pelo menos, ver portas que nem estavam lá e, se estavam, mais nos pareciam grades.

E não vale reclamar da vida. Aí é só lembrar de Mark Twain e de sua frase. “Tudo pode acontecer hoje”. É preciso viver intensamente para que não precisemos nem reclamar da vida, nem lamentar a vida. Reclamar polidamente sobre o produto não-conforme que não está bem polido, reclamar carinhosamente para nosso par que não nos tem dado carinho, reclamar com o amigo que amigavelmente esquece de nos ligar. Reclamar é buscar a solução do produto quebrado, do carinho enrolado e da amizade amassada. Mas, ao reclamar, queremos dizer à empresa, ao nosso par e ao amigo que ainda queremos dar a eles todos uma chance. Ainda os queremos. Reclamo e clamo por um mundo reclamante e educado. Isso lembrará a todos de suas funções. Funcionários e chefes, colaboradores e colaborados, casais e pares, amigos e amigas, alunos, alunas e mestres.

Espero que meus pupilos e minhas pupilas ajam com sobriedade ao utilizar o conhecimento que herdei para eles e por eles. Não quero nem desejo que usem o que eu ensino a eles para puxar o tapete nem o saco de ninguém. Coisa feia. Puxar o saco dói e puxar o tapete machuca. Olhar pela fechadura vale apenas para aguçar a vontade de saber mais. Desejo que meus alunos e alunas conquistem as recompensas que se escondem por detrás de portas impregnadas de virtude. Qual é o prêmio que se obtém quando se escolhe uma porta virtuosa de talentos? Portas existem para proteger o que por detrás delas está contido ou para testar aquele que ousa entrar.

Li uma vez num escrito de meu pai que ‘todo homem público deve estar sujeito a qualquer tipo de provocação’. Sou professor particular, sou professor universitário, sou arte-educador, sou educador, sou pesquisador. Nada disso me livra de ser um ‘homem público’. Aquilo que dizemos em público se torna público para o público. Mas nossa opinião pode ser facilmente distorcida por um aluno sonolento.

Não compete a mim saber o que meus alunos farão com aquilo que ensino a eles. Será? Fico cheio de dúvidas pois a ação de professores faz eco na alma e na memória. Na memória da alma. Preciso repensar. Já estou convencido de que a educação não é uma porta, mas uma chave. Chave-Mestra.

O que mais me fascina é que na dinâmica de um só dia e de uma vida inteira, todos nós sempre vamos dormir sabendo algo mais do que quando levantamos na manhã do mesmo dia. Todos os dias de nossas vidas acumulam saber. Acumulam saber em nós. Mesmo sem sabermos quem somos. Mesmo sem saber como será o dia.

Isso é educação: saber que um dia pode ser a diferença visível mais invisível entre não-saber e passar a saber. Um dia, assim como uma porta, pode esconder a sabedoria de uma vida inteira. Ou uma vida inteira pode passar a ter sentido pela sabedoria de um simples dia. Uma simples vida, e um dia inteiro. Só para saber. Portas escondem aquilo que protegem. Portas protegem aquilo que escondem. Portas nos desafiam. E tudo isto está por detrás de uma porta que sequer sabemos, muitas vezes, abrir. Nem todos possuem a chave. E mesmo aqueles que possuem a chave, muitas vezes não sabem como abrir tais portas. Portas que abrimos poderão, um dia em que soubermos mais, serem fechadas. Mas fechadas por nós mesmos. Esta é a diferença: ter consciência de que somos cárcere e carcereiro de nosso próprio saber.
Por detrás daquela porta, talvez esteja a possibilidade de um futuro sem cara de passado. Futuro passado à limpo. Não passado passado à limpo. Afinal, só é possível passar o passado a limpo no futuro. Infinitas possibilidades nos aguardam. Aparentemente, a educação pode acontecer hoje. 
                                                                            
           César Augusto Dionísio
        É economista e professor e autor do livro Mais Textos: uma visão sobre a Educação.
                             

segunda-feira, 12 de março de 2018

Escola - Paulo Freire



Escola é...
O lugar onde se faz amigos.
Não se trata só de prédios,
Salas e quadros,
Programas, horários e conceitos. Escola é, sobretudo, gente.
Gente que trabalha, que estuda,
Que alegra, se conhece, se estima.
O diretor é gente.
O aluno é gente.
E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um se comporte.
Como colega, amigo, irmão.
Nada de ilha cercada de gente por todos os lados.
Nada de conviver com as pessoas
E descobrir que não tem amizade a ninguém.
Nada de ser como tijolo
Que forma parede,
Indiferente, frio, só...
Importante na escola
Não é só estudar,
Não é só trabalhar.
É também criar laços de amizade.
É criar ambiente de camaradagem.
É conviver, é ser “amarrado nela”.
Ora, é lógico...
Numa escola assim vai ser fácil
Estudar, trabalhar, crescer,
Fazer amigos, educar-se,
SER FELIZ!!!

                                                    Paulo Freire

domingo, 11 de março de 2018

Tua caminhada aunda não terminou...

 A realidade lhe acolhe
dizendo que pela frente
o horizonte da vida necessita
de suas palavras
e do seu silêncio.

Se amanhã sentir saudades,
lembre -se da fantasia e
sonha com sua próxima vitória.
Vitória que todas as armas do mundo
jamais conseguirão obter,
porque é uma vitória que surge da paz
e não do ressentimento.

É certo que irá encontrar situações
tempestuosas novamente,
mas haverá de ver sempre
o lado bom da chuva que cai
e não a faceta do raio que destrói.

Tu és jovem.
Atender a quem lhe chama, é belo,
lutar por quem lhe rejeita
é quase chegar a perfeição.
A juventude precisa de sonhos
e se nutrir de lembranças,
assim como o leito dos rios
precisa da água que rola
e o coração necessita de afeto.

Não faça do amanhã
o sinônimo de nunca,
nem o ontem lhe seja o mesmo
que nunca mais.
Seus passos ficaram.
Olhe para trás...
mas vá em frente
pois há muitos que precisam
que chegue para poderem seguir lhe


                            Charles Chaplin.
 

quinta-feira, 8 de março de 2018

Dia Internacional da Mulher,


No dia 08 de março é comemorado, em todo o mundo, o Dia Internacional da Mulher. A data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1977, mas remete a acontecimentos históricos de décadas antes. Mais do que um simples dia no calendário, contudo, a data celebra conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres ao longo dos anos.


Dentro do lado festivo, discussões relativas aos modos como a desigualdade e a violência de gênero se manifestam no ambiente escolar e social em geral precisam ser propostas.

É preciso que se reflita  sobre as desigualdades, que com frequência culminam em situações de opressão e violência.

Mais do que de bombons e flores o que toda mulher realmente precisa é de ser amada,respeitada e valorizada o que infelizmente raramente acontece. 

                                                        
Um forte e carinhoso  abraço para toda mulher que me visita. Que Deus dê a todas nós  sabedoria,força, coragem e amor. Fiquem com Deus.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Dialogando com Carlos Drummond de Andrade

Consolo na praia.

Vamos não chores.                                                                        
A infância está perdida
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou
O segundo amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o 'humor'?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.
O Constante Diálogo 
Diálogo com o ser amado
                       o seu semelhante
                       o diferente
                       o oposto
                        o adversário
                        o surdo-mudo
                        o possesso
                        o irracional
                        o vegetal
                        o mineral
                        o incomodado

Diálogo consigo mesmo
                       com a noite
                        os astros
                        os astros
                        os mortos
                        as ideias
                        o sonho
                        o passado
                        o mais que futuro

Escolhe teu diálogo e
tua melhor palavra     ou
teu melhor silêncio
Mesmo no silêncio e com o silêncio
dialogamos.



O mito das cavernas.

 No mundo em que vivemos, só tem sentido para nós as coisas materiais e sensoriais que percebemos.
Na nossa prática pedagógica, nas maiorias das escolas, inúmeras vezes só nós falamos, impedindo que os alunos se comuniquem, mantendo-os em silêncio.Nós educadores,detentores do saber,somos os donos da verdade. E os alunos "páginas em branco",precisam ficar quietos,somente ouvindo e copiando o que foi passado no quadro,mesmo que nada estejam entendendo. E depois, a resposta certa é passada para que confiram/copiem. Impedimos assim que tenham oportunidade de aprender a raciocinar por si mesmos para que pensando apenas no que queremos que pensem, não descubram que é preciso aprender não somente o que o professor tem o “poder” de mostrar, mas ver além das coisas concretas.Aquele raro aluno que aprendeu a pensar e consegue ver além dos textos pobres das cartilhas,como por exemplo "Ivo viu a uva" e descobre que por trás da uva existe um profissional que cultiva,colhe para os patrões ganhando às vezes salário de fome e questiona, quer saber mais sobre isto, qual o contexto,se tem sentido ou não, é rotulado de indisciplinado, aluno problema ou maluquinho que deve ser punido ou receber tratamento neurológico. E o aluno que descobriu um dos problemas da escola e por isso é rotulado de problemático,  acaba se acomodando a ver somente o que é mostrado. Acreditando que somente o que é mostrado é verdadeiro e que não é preciso raciocinar, porque sempre alguém faz isto por ele, se acomoda na vida medíocre sem esperança de possibilidade de crescimento.

E  assim o principal objetivo da educação de qualidade social que é formar cidadãos críticos,participativos capazes de compreender claramente e transformar  a realidade não é atingido.

Como educadora, penso que é importantíssimo repensar a nossa prática pedagógica constantemente e como avó,ou família de aluno, que é preciso acompanhar e questionar a educação que está sendo transmitida para nossas crianças.  É o tipo de educação que pensamos para elas? É este o mundo que esperamos que construam com criatividade para viver ou preferimos que passem o resto de suas vidas, concordando, copiando, assimilando e repetindo o que lhes é transmitido na escola, na sociedade ou pela mídia?
                                                                                Terezinha das Graças de Souza Couto- Psicopedagoga.

                                                       

Obrigada pelo carinho da presença.Um forte abraço para você. Fique com Deus e que Ele derrame uma chuva de graças sobre você e sua família.

sábado, 3 de março de 2018

TDAH




O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é responsável pela enorme frustração que pais e seus filhos portadores desse distúrbio experimentam a cada dia. Crianças, adolescentes e adultos hoje diagnosticados com TDAH são frequentemente rotulados de "problemáticos", "desmotivados", "avoados", "malcriados", "indisciplinados", "irresponsáveis" ou, até mesmo, "pouco inteligentes". A maioria daquilo que lemos ou ouvimos sobre o assunto tem uma conotação negativa. A razão disso é o fato deste transtorno continuar sendo pouco conhecido, apesar dos estudos a respeito terem se intensificado nas últimas décadas e a prática ter mostrado que 3% a 5% das crianças em idade escolar podem ser incluídas nesse diagnóstico.*

Garanto que ninguém associa os adjetivos "criativo, trabalhador, energético, caloroso, inventivo, leal, sensível, confiante, divertido, observador, prático" às pessoas que têm Déficit de Atenção/Hiperatividade. Estes, sim, descrevem muito melhor essas pessoas.
Preste atenção nesta outra lista: "falta de atenção, tédio, baixa tolerância, intensidade de comportamento que leva a conflitos com autoridades, alto nível de atividade, questionamento das regras." Mais adjetivos para os portadores de TDAH? Não. Estas atitudes estão associadas a superdotados… Vamos pensar por um minuto em Thomas Edison, que inventou a lâmpada; Benjamin Franklin, que descobriu a eletricidade; em Magic Johnson, que tanto fez pelo basquete; em Ziraldo e seu Menino Maluquinho... Quem não ri com as piadas de Whoopi Goldberg e Robin Williams? E a maravilhosa música de Mozart e Beethoven? O que é que todas essas pessoas têm em comum? TDAH!!
Hoje, sabemos que o TDAH é um distúrbio neurológico sério mas tratável, embora de difícil diagnóstico e acompanhamento, devido à necessidade de um trabalho multidisciplinar contínuo. É possível afirmar que as pessoas portadoras de TDAH, apesar das dificuldades decorrentes da condição, podem aprender a tirar o melhor partido das suas características e a realizar todo seu potencial. O TDAH pode ser considerado um dom, um sentido extra que seus portadores têm para as coisas, uma maneira de chegar imediatamente ao âmago das situações enquanto os outros só chegam lá de maneira racional e metódica.

É preciso aprender a usar corretamente esse talento oculto. Do contrário, adota-se um modelo destrutivo de viver. Com a ajuda de pais e amigos, professores e terapeutas, os portadores de TDAH podem aprender a usar seu dom de maneira efetiva. De repente, as coisas ficam mais claras, e eles podem começar a se beneficiar de um talento ainda não aproveitado.
Vanda Rambaldi
Psicóloga

                                                                                                                                                               * Fonte: artigo publicado no British Journal of Psychiatry