quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Ponto de vista. 1



Fim de ano letivo.Conselho de ciclo na nossa escola. Após avaliação dos projetos aderidos e do desempenho dos alunos,e da eterna busca de "culpados" para o fracasso do aluno, sem auto-avaliação de onde cada um errou, me pus a pensar sobre a parábola publicada anteriormente: "A roupa nova do rei".

A beleza,os enfeites,adornos que só evidenciam a vaidade do "rei"não importam para o futuro de ninguém. O que faz a diferença é o conteúdo. Vale a pena lembrar de novo que o povo precisa aprender a reagir.Que tenha coragem de usar de sinceridade desafiando a hipocrisia e denunciando "o rei está nu!"

Eu acredito na transformação da realidade,na melhoria da situação desde que o povo  aprenda  denunciar a opressão que caracteriza a vida da maioria das  pessoas e da sociedade. Tanto para um quanto para outro a condição  generalizada dos seres humanos, é a dependência, viver sob o domínio das forças e estruturas opressoras que calam a sua voz.

Concordo com Illich quando diz " o ser humano oprimido consome passivamente o que recebe. E com Freire "os oprimidos parecem escravos, dóceis,covardes fazendo o que, sem nenhuma explicação, lhes ordenam. Se contentam em ser assistidos em suas necessidades básicas por outras pessoas e projetos "caridosos" que na verdade são seus direitos.

E seguem portanto, fundidos numa cultura de silêncio,incapazes de manifestar sua opinião sincera e assim participar na transformação do mundo como deveriam.

O "assistencialismo" dos programas de desenvolvimento social modernos, perpetua e intensifica a desumanização da pessoa.

E a escola,inserida nesta sociedade reproduz este estado de coisas. Falta-lhe uma autêntica atitude cítica e criativa,por isso, mesmo sendo um direito sagrado dos cidadãos,é considerada irrelevante por alguns alegando que, por não dar voz às crianças, não desenvolve  verdadeiramente a inteligência.Acredito que além de ensinar o aluno a decodificar símbolos,é necessário também desenvolver uma autêntica atitude reflexiva para que desde cedo domine as duas fases de conscientização: a primeira crítica, a segunda criativa. Alguns até se iniciam na primeira fase, mas permanecem na fase crítica e contestatória da realidade.Isto é o mais fácil. Qualquer um é capaz.Basta ter um pouco de coragem para se apontar os pontos negativos. No entanto, é  preciso passar para a fase criativa.Ser capaz de criticar e ao mesmo tempo,propor soluções para a melhoria. 

Emanuel Kant costumava dizer aos seus alunos que o que pretendia era ensinar-lhes a aprender a pensar por si próprios, a formar uma opinião. Acredito que esta deveria ser a principal meta da Educação atual. O que se observa são inúmeras "inovações" pedagógicas impostas de cima para baixo,tantos projetos "milagrosos" com promessas de que com sua aplicação a Escola sairá da UTI sem considerar a realidade de cada localidade,as diferenças individuais, a diversidade cultural. Os novos paradigmas constituem atraente manto de qualidade que nós,não querendo passar por incompetentes no cargo que ocupamos, solenemente continuamos a segurar,embora,na verdade,sabemos que,na maioria das situações, são apenas sonhos que alguns idealistas sonham sozinhos.Considerando que "um galo sozinho não tece uma manhã",se não se consegue contar com a participação de todos os envolvidos, ou pelo menos da maioria, as inovações pedagógicas não passam de tecidos  maravilhosos, trabalhados de maneira ilusória que a rebeldia, a insatisfação de alguns denuncia: "o rei está nu!"


Um forte abraço. Fique com Deus! Para você e sua família,muita paz.




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