quinta-feira, 2 de maio de 2013

O fetiche das ditaduras.



"Não existe uma verdade igual para todos. As leis, as regras, a cultura,tudo deve definido para um conjunto de pessoas,o que vale para um lugar pode não valer para outro".
                                                                                       (www.dsilvasfilho.com)

As ditaduras (políticas,de consumo ou de mercado) são as maiores inimigas das palavras. As palavras sempre traduzem conceitos,que nada mais são do que o nome das coisas. Por isto mesmo as ditaduras são extremamente hábeis em reduzir o sentido e o significado das coisas que podemos pensar. Só a democracia nos permite alargar os horizontes das idéias que vamos construindo na história. Somente ela é capaz de considerar as contradições e imperfeições dos pensamentos,para aperfeiçoá-los.Por conta disso,convivemos em permanente tensão entre aqueles que querem fazer das ideias um exercício de liberdade e aquelas que gostariam de dizer aos outros,"o que podem e devem pensar e fazer".

Nossa democracia ainda precisa ser muito mais exercitada e experimentada,para ser aprendida.Vivemos,por vezes, uma equivocada disputa. entre ter posição e ser contra. As disputas demasiadamente ideologizadas não permitem  que as palavras/ conceitos se revelem em todos os seus aspectos,sob os mais diferentes pontos de vista.Ser democrático não significa ser dono da verdade.Significa estar aberto à construção de conhecimentos,considerando as mais diferentes interpretações das coisas e dos fatos,num processo dialético de aprendizagem. A verdade surge no exercício do consenso,nem sempre fácil,mas necessário.

Conquistamos a liberdade de pensar,mas ainda somos moldados em nossas ações por obra das idéias dominantes. Temos,então, a sensação de que nossas idéias pessoais nada resolvem,de que são fracas e impotentes.Isto comprova de que o mundo e as pessoas são movidos por idéias que sempre estão em disputa na sociedade.E comprova que,isoladamente,nossas idéias perdem fôlego,não conseguindo concretizar-se.Somente as idéias destacadas e praticadas coletivamente conseguem romper com a lógica ideológica dominante,e conseguem traduzir em prática de vida cotidiana daqueles que resolvem assumir-se como sujeitos de seus conhecimentos e de sua história.

O problema é que nas ditaduras não somos educados para a cooperação e a solidariedade.Prevalece a cultura hedonista (de culto ao eu), que reproduz a ideia e o conceito dos vencedores. Aos vencedores  a glória. Aos vencidos,os sentimentos d incompetência  revolta e impotência. E estes últimos sentimentos geram muitas tensões sociais e de convivência,desfavorecendo nossa condição de seres em relação.

A autonomia dos sujeitos é o maior marco da concretização de uma democracia real e verdadeira. A luta por democracia invoca novas relações interpessoais,baseadas na interdependência e na reciprocidade.Jean Piaget  ao estudar o juízo moral das crianças,nos ajuda a considerar que "a autonomia só aparece com a reciprocidade,quando o respeito mútuo é bastante para forte,para que o indivíduo experimente interiormente a necessidade de tratar os outros como gostaria de ser tratado."

Não é democrática a sociedade que não tolera os pensamentos divergentes e que combate as diferentes formas de organização social que buscam praticar e viver as ideias coletivas. Democrática é a sociedade que permite aos homens e mulheres realizarem-se em sua dignidade,preservando seu mode de ser,pensar e agir,individual e coletivamente, sem nenhum culto às ditaduras.
                                               Nei Alberto Pies, professor e ativista em direitos humanos.
                                                                                Divulgação Jornal Corujinha.

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