quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Sobre o amor

Soneto 11
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder.

É  querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo amor?
                                                          Luis Vaz de Camões.Obras completas.Lisboa: Sá da Costa, 1971
                                                                       
Amigos, Camões coloca imensos contrastes  na tentativa de caracterizar o amor. O poeta no final do poema deixa uma interrogação demonstrando a impossibilidade de se compreender e definir o verdadeiro Amor que nos faz "querer estar presos por vontade ".

Por mais que os poetas tentem definir o amor, ainda não  encontrei uma definição deste sentimento "absurdo e magnífico, entre o mal profundo e o bem supremo" conforme disse Rougemont,que  tornasse possível a minha compreensão real da profundidade deste sentimento que dá sentido à  existência. Principalmente nos dias atuais com o egoísmo e a não valorização da vida tão em moda.

Só sei que Amor é  como a melodia do desenho incerto.
Deixa o coração a um tempo alegre e perturbado.
E tem o encanto fugidio de uma música ao longe.

Ainda  creio
no amor que é como a chuva fina: esta cai
em silêncio,quase sem se fazer notar,mas
é capaz de transbordar rios.

Amor é luz que não
deixa escurecer a vida.
por isso, ame
pois para o amor nascemos.
E mesmo que alguns não valorizem o amor da gente por não poderem compreender,
não vale a pena calar o sentimento por medo de sofrer.
ou deixar no coração a paixão escondida.

Forte abraço.Fique com Deus.Muito amor e paz! TGSCouto.





terça-feira, 15 de outubro de 2013

O parteiro da alegria.


O educador como artista: o parteiro da alegria
                                                     Rubem Azevedo Alves.

"A minha vontade ardente me impele incessantemente na direção do homem: assim o meu martelo é impelido na direção da pedra. Ó homens! Na pedra uma imagem jaz adormecida, a imagem das imagens! Agora o meu martelo luta cruel e furiosamente contra a sua prisão. Fragmentos de rocha chovem da pedra: que significa isto para mim? Eu desejo aperfeiçoá-la,pois uma sombra me veio- a mais tranquila e a mais leve de todas as coisas: a beleza do homem exuberante..." (Nietzsche)

Quem é o artista? O artista é aquela pessoa que sente que dentro da matéria bruta há uma beleza adormecida- como na estória infantil. E o seu desejo é acordá-la. A beleza há de assumir uma forma sensível para que os outros sejam tocados pelo seu poder transformador. As telas de Van Gogh e Monet, a música de Bach e do Nilton Nascimento, as esculturas de Michelard e da Adélia Prado, a harmonia das equações matemáticas, as simetrias da natureza- todas essas são manifestações da beleza. E quem quer que seja por elas tocado não permanece o mesmo. A beleza tem poderes mágicos.

No filme A Sociedade dos Poetas Mortos,o professor diz aos alunos: "Medicina, engenharia,física, química, são coisas excelentes.Não podemos viver sem elas.Elas nos dão os meios para viver.Mas elas não são capazes de nos dar razões para viver".O que nos dá razões para viver é a beleza.

Mas a percepção da beleza não é algo natural. Trata-se de uma capacidade que  jaz adormecida dentro da pessoa. E, da mesma forma como aconteceu na estória da Bela Adormecida, é  preciso que alguém quebre o feitiço e a acorde. Essa é uma das missões do professor. De uma lado ele ensina um SABER sobre o mundo: as ciências.Mas, do outro,ele ensina o SABOR,nos dá alegria. O professor artista é o parteiro da alegria.Pois é para isso que vivemos. O universo,nos diz Bachelard,tem um destino de felicidade. E quem é o parteiro da felicidade,mesmo em meios às condições mais adversas,experimenta,neste mesmo ato,uma pitada de felicidade. O professor artista é o professor alegre."


Amigas e amigos, colegas que também sentem dentro de si o orgulho de ensinar,para comemorar o nosso dia, o 15 de outubro, selecionamos para você  este texto que consideramos especial no desejo de propor algum elemento de reflexão  sobre o valor  da profissão de Educadora que abracei com muita convicção do privilégio que é exercê-la e ainda hoje exerço com muito orgulho apesar da pressão de colegas, a negatividade,o medo, a ignorância e apatia e descaso de alguns.

Sentir dentro de si a oportunidade de transformar a realidade que se tem, criar algo de novo através do trabalho de educação que se pode fazer, supõe conhecer bem as condições reais e enxergar um pouco à frente,estabelecendo o que se pretende como meta a atingir.

Deus nos abençoe e proteja colega.Forte abraço e parabéns para nós!




sábado, 5 de outubro de 2013

Chega de viver entre o medo e a raiva


Se não aprendemos a viver de outro modo,podemos acabar com nossa espécie.
Freud ajudou a atrapalhar mostrando o quanto nós escondemos de ruim. Mas é fácil ver que nós escondemos também o que é bom em nós, a ternura, o encantamento,o agrado em ver, em acariciar, em cooperar, a gentileza, a alegria,o romantismo, a poesia,sobretudo o brincar- com o outro.Tudo tem que ser sério,respeitável,comedido,fúnebre,chato,restritivo,contido... 
A mim parece que sofremos todos de mania de pequenez.
Qual homem que se assume em toda a sua grandeza natural? Em vez de admirar nós invejamos-por não termos coragem de fazer o que nossa estrela determina.
O medo- eis o inimigo.
O medo principalmente do outro, que observa atentamente tudo o que fazemos- sempre pronto a criticar, a condenar, a pôr restrições- porque fazemos diferente dele. 
Só por isso.Nossa diferença diz pra ele que sua mesmidade não é necessária.Que ele também pode tentar ser livre seguindo sua estrela.Que sua prisão não tem paredes de pedra,nem correntes de ferro.Como a de Branca de neve,sua prisão é de cristal-invisível. Só existe na sua cabeça. Mas sua cabeça contém-é preciso que se diga-todos os outros- que dentro dele observam,criticam,comentam- às vezes até elogiam!
Como ignorar que os outros- sempre os outros- são desconfiados,desonestos, mesquinhos, exploradores,
prepotentes,fingidos, traiçoeiros,hipócritas ..
Ah! Os outros...
Fossem todos como eu, tão educados,tão finos de sentimentos... O que não se compreende é como tanta maldade num mundo feito  somente de gente que se considera tão boa. Deveras não se compreende. Menos ainda se compreende que de tantas famílias perfeitas- a família de cada a um é sempre ótima- acontecendo um mundo tão imperfeitamente péssimo.
Ah! Os outros... Se eles não fossem tão maus- como seria bom...
Só sabemos fazer o que foi feito conosco.Só conseguimos tratar bem se formos bem tratados. Se só fomos ignorados,só sabemos ignorar.Se fomos odiados só sabemos odiar.Se fomos maltratados, só sabemos maltratar. Não há como fugir desta engrenagem de aço: ninguém é feliz sozinho.Ou o mundo melhora para todos ou ele acaba.
Só a união faz a força-sinto muito,mas as verdades banais de todos os tempos são verdadeiras- seria bom se a gente tentasse fazer o que elas sugerem,em vez de,críticos,céticos e pessimistas,encolhermos os ombros e deixarmos que a espécie continue,cega,caminhando em velocidade uniformemente acelerada para o buraco negro da aniquilação.
Nunca se pôde dizer,como hoje:ou nos salvamos-todos juntos-ou nos danaremos-todos juntos.
                                                                                                                                    J.A.Gaiarsa


Raiva,tristeza,medo e alegria,parece que todas as emoções que conhecemos derivam destas quatro. Estamos o tempo todo tentando nos equilibrar entre a raiva e o medo para evitar a tristeza e sermos felizes.Somos levados muitas vezes a desafiar o medo para provar a nós mesmos que ele não nos abala. Mas acontece que nem sempre conseguimos superar sozinhos alguns tipos de medo e  dominarmos a raiva. Por exemplo, medo enorme de viajar,de dirigir,de enfrentar situações novas, de falar o que pensamos e não sermos compreendidos. Muitas vezes,sentimos muita raiva de pessoas que não nos dão espaço para crescer,dos fofoqueiros e  até de nós mesmos pelas escolhas equivocadas que fazemos e pela nossa fragilidade que nos imobiliza em vencer o medo e buscar a alegria.No entanto, superar é preciso..Para isto é preciso antes de mais nada, aceitar que a situação pode não estar boa mas que podemos fazer de tudo para transformá-la.E que é possível mudar as idéias que temos a respeito das pessoas e da vida. O medo pode ser superado quando se percebe que,com um pouco mais de esforço, temos condição de enfrentá-lo .Na prática isto é muito difícil de ser aplicado,mas não é impossível, É preciso que se tente,reinvente uma nova vida,mude paradigmas, mude concepções cristalizadas,lembrando que cada um é responsável pela sua construção ou reconstrução.

Um abraço forte. Fique com Deus e que Ele abençoe a todos nós.